CARTAS (2016 – )
Em 2016 decidi enviar cartas para as atrizes da minha cidade, como proposta da minha pesquisa de mestrado. Eram cartas-convite, a fim de gerar uma rede de contatos, de interlocução diferente, por uma via que considerava, e ainda considero, mais poética. A ideia funcionou em parte, já que quase não recebo o retorno das atrizes, contudo, mantenho a prática da postagem via correios.

Agora envio cartas não somente para atrizes, mas para artistas-amig@s, que moram em Fortaleza e fora dela. Antes, quando enviava cartas somente para atrizes, costumava relatar sobre si mesma e principalmente sobre meu cotidiano artístico, uma busca por não perder o artístico em mim, e lançava questões. Hoje envio cartas com a proposta de uma ação para x destinatárix: colar, onde queiram, o adesivo "Own gat@, deixa se ser uoó!!".

CARTAS
Foi a partir das cartas enviadas às atrizes que surgiu a intervenção “Cartas à deriva” em parceria com o artista paulista Ierê Papá. O encontro entre o performer Ierê Papá e a atriz Sol Moufer(euzinha) aconteceu quando elxs decidiram unir suas pesquisas em intervenção urbana pela cidade de Fortaleza. Ierê trouxe a proposta de Deriva, uma “apropriação do espaço urbano por meio da ação do andar sem rumo, praticada pelo Movimento Situacionista da década de 60 e praticada muito antes por outros estudiosos e artistas, como Charles Baudelaire, Walter Benjamin, Flávio de Carvalho, Hélio Oiticica e outros.” Eu, a partir de outra intervenção, trouxe a proposta de colar trechos das cartas que enviei para atrizes cearenses. Assim, criamos um programa de caminhada tendo como percurso alguns teatros de Fortaleza, onde lambe-lambes das cartas foram colados em postes e muros nas proximidades dos teatros, principalmente do Teatro Antonieta Noronha.

Chamo então de "arte correio" uma nova proposta de comunicação e ação entre artistas. A correspondência acontecendo através do afeto. Não quero com as cartas negar a comunicação via redes sociais, mas provocar uma nova|antiga forma de relacionar-se, onde o imaginário, os afetos, a escrita de si, o conhecimento de si e do outro, também fazem parte.
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AÇÕES
CARTAS DE IVANOV

Meu primeiro projeto de cartas no qual enviava para amigos e amigas artistas trechos da peça Ivanov de Anton Tchekov, com algum comentário a mais. Minha intenção era colocar a carta em movimento, era tentar imaginar o que o destinatário sentia ao receber uma carta: sua expressão, seus gestos, em que momento decidiu ler, o ritual ou a ansiedade. Em nenhum momento pensei em ser correspondida. Por isso, enviava as cartas sempre com o endereço do hotel em que estava hospedada, já que no período produzia um espetáculo chamado “Ivanov”, do grupo Teatro Máquina, em circulação pelo sudeste.